segunda-feira, janeiro 12, 2004

O que fazer com o tempo

Darlan, você diz que não entende porque os fãs de Senhor dos Anéis, Harry Potter, etc não se contentem em ver os filmes, mas precisem de livros, jogos, peças.... Na hora que li isso lembrei de vc falando que se lamentava por não ter uma grande paixão desse tipo, uma obsessão. Por isso vc não entende. Eu
sou naturalmente dada a esses arroubos pois quando gosto de algo, gosto mesmo.

Não preciso dos bonequinhos do Senhor dos Anéis, mas preciso de todos os livros e de todos os DVDs. E preciso ver e rever os filmes no cinema. Sou assim com E.R., com Harry Potter, com Gilberto Freyre, com as minhas revistas e meus livros de receitas que não me canso de olhar, com As Brumas de Avalon ad infinitum.

Mas sobre Tolkien especificamente, o universo dele cala fundo na minha alma. Quando vejo a frase que o Anderson citou "só nos resta decidir o que fazer com o tempo que nos é dado", choro (chorei vendo a versão estendida) porque esse é meu grande dilema: o que fazer com o meu tempo nesse mundo
horrível em que vivemos.

E Darlan, "A Última Noite" é o filme do ano. Lindo, maravilhoso, impressionante, tocante. Quem não viu, veja rápido. "Sobre Meninos e Lobos" é execelente também, eu adoro o Sean Penn. E começo a admirar o Clint Eastwood.

Márcio, o conceito de clássico rende várias teses. E ele independe do marketing de um filme. O cinema é uma "caixinha de surpresas". Um filme pode render milhões na bilheteria e nem assim ser clássico; um filme, como meu odiado "Braveheart" pode ganhar 5 oscars e nunca ser um clássico. Mas um filme como "Noviça Rebelde" pode ter um estrondosa campanha de marketing (acreditem, na época ela existiu), ganhar 9 oscars e ser um clássico.

O conceito "clássico" tem muito a ver com a qualidade da obra, mas mais com a importância daquilo na história do cinema. Os Harry Potter nunca, jamais, serão clássicos. São filmes lindos, muito bem produzidos, mas não têm estofo para isso - e olha que sou fâ de carteirinha. Matrix 1 já é clássico, mudou todo o cinema de ficção da década de 90, isso é um ponto inegável - e eu nem sou fã. Os demais matrix cairão no profundo limbo, lugar que merecem.

Quando um filme é bom, ele se destaca. Vcs não têm idéia da minha surpresa ao pegar aquela chatice chamada MAIS ontem e ver que estavam elogiando horrores "O retorno do rei". Esse aval nem eu esperava (se eles falassem mais, eu poderia é ficar com a pulga atrás da orelha...).

Concordo plenamente com a definição de "não vejo filmes de países sem saneamento básico", citada por uma amiga minha do Valor que era doente por blockbusters. Eu não vejo mesmo. Mas isso não quer dizer que só goste de filmes americanos. Bergman é uma das minhas grandes paixões, Fellini outra. O cinema argentino me emociona, o espanhol me surpreende e até o brasileiro que, confesso, tenho minhas ranhetices me dá ótimas experiências como Madame Satã e Lisbela, que eu adorei.

André Amaral, eu sei que não foi provocação. Mas eu não comecei a ver cinema latino por suas incitações, pode acreditar. Os filmes que vc citou eu não vi logo que estrearam por uma razão simples: falta de tempo. "Ah, mas pra ver O Senhor dos Anéis ela tem tempo pra ver 4 vezes, o que dá mais de 12 horas de cinema." A gente prioriza o que a gente ama.

Helena

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