O realismo e o fantástico
Inicialmente tinha optado não me meter, mas é o que acabo fazendo quase sempre... por isso, vou me meter. na verdade, nao tenho muita paciência para discussões por meio de missivas - incluindo-se as virtuais. Mas já que é inevitável falar sobre... vamos lá.
A primeira coisa que gostaria de dizer é que definitivamente não cabe a comparação feita pelo Darlan e pelo Marcio. Se é uma questão de gosto, sem nenhum critério de crítica cultural, deixemos para um bar... se é para falar disso a serio, o primeiro ponto que coloco é que o cinema já no seu nascedouro dividiu-se primeiramente em escolas - Lumiere e o realismo e Melie e o fantástico.
A biparticão é tão instantânea na historia do cinema que não dá nem para dizer quem surgiu primeiro. A ver o choque e o encantamento que o realismo do filme sobre o trem, o primeiro dos irmãos Lumiere, causou na platéia.
Daí digo que, do ponto de vista de gêneros, nenhum é mais ou menos importante. Um filme realista é mais contundente em uma critica que um fantasioso? Não sei. As alegorias do Kubrick
sobre a sociedade pós-moderna, o impressionismo alemão sobre o prenúncio da era nazista, os filmes de alienígenas sobre a era da caça às bruxas... Para mim, são tão imprescindíveis para ler as suas respectivas épocas quanto Godard, Chaplin e Felini. Se não dissesse isso não poderia me considerar um
semioticista.
Agora, pegando Chaplin (que era fantasioso/realista), dá para dizer que a crítica dele, com Grande Ditador e Tempos Modernos, é ingênua em relacão a de John Ford com Vinhas da Ira e Como Era Verde Meu Vale?
Nesse ponto, voltamos à questão do gosto. Que não cabe discutir. Mas sinceramente acho que não há gênero menor ou menos importante, mas somente gosto e mais gosto.
Acho que há incoerências tanto na missiva do Darlan quanto na do Marcio. Quando vi Cidadao Kane pela primeira vez (será um filme realista?) mais que bocejei. Dormi mesmo. Vi várias vezes e somente ao ver Os Caçadores da Arca Perdida, a cena final, é que percebi o quanto esse filme era inovador, fundamental,
inspirador. Foi no dialogismo - ou referencia, em uma linguagem mais simples - que entendi o filme.
Para quem não se lembra ou não gosta da fantasia à la Indiana Jones, na cena final, depois de duelos infinitos pela tal arca perdida ela vira um mero souvenir em uma deposito infinito em um lugar qualquer. Bingo. A cena diz tanto que lembra Rosebud e até uma critica ao consumismo. Demais para um filme pipoca?
Concordo com a Helena em relacão ao Senhor dos Anéis. Acho que, se não houver erro, a serie acaba com chave de ouro e será uma pérola mesmo em termos de cinema atual. Como Matrix (o primeiro, deixo bem claro) permite muitos níveis de leitura e dá para ser digerido tão rápido quanto um saco de
pípoca ou pode render muitas refeições intelectuais.
Um bom exemplo é afirmação do Marcio. Discordo radicalmente de que o filme seja um produto da Era Bush. Acho que Matrix se perdeu - ou se traiu??? - e virou um produto 100% Bush mesmo, com a luta do bem contra o mal. Agora, Tolkien nunca foi isso e o filme não trai a filosofia dele. Sobrevivendo
aos bocejos, o filme deixa muito claro que o mal e o bem coexistem, dependem um do outro - o que Matrix bebe descaradamente no fim da trilogia... Outro ponto é mostrar a capacidade corrupção do ser humano. O anel é o poder e parece que ninguém resiste mesmo. Se não houver erro, é o que o filme mostrará com o pobre Frodo na parte final da trilogia. Dá até para fazer um paralelo com o PT no poder, para os empolgados...
A fantasia - como o riso - é somente um outra forma de ver o real. Na idade media - veja O Nome da Rosa que é fantasiosamente realistico! -, essa discussão já deu pano para manga. Para a igreja, o humor não seria nobre. Rir é vulgar. Indiretamente, vcs parecem dizer que sonhar é vulgar também. Seria o riso, a fantasia, as manafistações não realistas da pintura uma fuga do real? Ou uma forma de ver, como um LSD, o mundo de outra maneira? Prefiro ficar com essa.
Quem quiser ver o Magico de Oz somente como um filminho sobre um menina que se perde e não vê a hora de voltar para a sua casa, be my guest. Mas esse filme, como as narrativas épicas, fala de algo muito maior, fala da "lé e de volta outra vez", de Doroty e também de Ulissses... Opa, então a fantasia é um
retorno ao mito no estágio puro... Interessante.
Ai chegamos ao ponto final, quando o Marcio diz que prefere Guerra nas Estrelas ao Senhor dos Anéis... Marcio, Star Wars, Matrix e Harry Potter!!!! entre outros nada mais são que releituras de Tolkien que, por sua vez, releu todas as lendas da Europa.
Se vc. prefere ver a globalização e a decadência social com o Declínio do Império Americano e Invasões Barbaras, ok! Mas ela está também na destruição da terra media, na partida dos hobbits, na destruição da floresta velha pelos senhores da guerra... nesse caso, é somente o mito, em estado puro, não
reificado e sem câmeras tremidas...
Eu particularmente prefiro os dois, com uma quedinha para fantasia, não nego. Eu quis ser super homem...
Anderson
Inicialmente tinha optado não me meter, mas é o que acabo fazendo quase sempre... por isso, vou me meter. na verdade, nao tenho muita paciência para discussões por meio de missivas - incluindo-se as virtuais. Mas já que é inevitável falar sobre... vamos lá.
A primeira coisa que gostaria de dizer é que definitivamente não cabe a comparação feita pelo Darlan e pelo Marcio. Se é uma questão de gosto, sem nenhum critério de crítica cultural, deixemos para um bar... se é para falar disso a serio, o primeiro ponto que coloco é que o cinema já no seu nascedouro dividiu-se primeiramente em escolas - Lumiere e o realismo e Melie e o fantástico.
A biparticão é tão instantânea na historia do cinema que não dá nem para dizer quem surgiu primeiro. A ver o choque e o encantamento que o realismo do filme sobre o trem, o primeiro dos irmãos Lumiere, causou na platéia.
Daí digo que, do ponto de vista de gêneros, nenhum é mais ou menos importante. Um filme realista é mais contundente em uma critica que um fantasioso? Não sei. As alegorias do Kubrick
sobre a sociedade pós-moderna, o impressionismo alemão sobre o prenúncio da era nazista, os filmes de alienígenas sobre a era da caça às bruxas... Para mim, são tão imprescindíveis para ler as suas respectivas épocas quanto Godard, Chaplin e Felini. Se não dissesse isso não poderia me considerar um
semioticista.
Agora, pegando Chaplin (que era fantasioso/realista), dá para dizer que a crítica dele, com Grande Ditador e Tempos Modernos, é ingênua em relacão a de John Ford com Vinhas da Ira e Como Era Verde Meu Vale?
Nesse ponto, voltamos à questão do gosto. Que não cabe discutir. Mas sinceramente acho que não há gênero menor ou menos importante, mas somente gosto e mais gosto.
Acho que há incoerências tanto na missiva do Darlan quanto na do Marcio. Quando vi Cidadao Kane pela primeira vez (será um filme realista?) mais que bocejei. Dormi mesmo. Vi várias vezes e somente ao ver Os Caçadores da Arca Perdida, a cena final, é que percebi o quanto esse filme era inovador, fundamental,
inspirador. Foi no dialogismo - ou referencia, em uma linguagem mais simples - que entendi o filme.
Para quem não se lembra ou não gosta da fantasia à la Indiana Jones, na cena final, depois de duelos infinitos pela tal arca perdida ela vira um mero souvenir em uma deposito infinito em um lugar qualquer. Bingo. A cena diz tanto que lembra Rosebud e até uma critica ao consumismo. Demais para um filme pipoca?
Concordo com a Helena em relacão ao Senhor dos Anéis. Acho que, se não houver erro, a serie acaba com chave de ouro e será uma pérola mesmo em termos de cinema atual. Como Matrix (o primeiro, deixo bem claro) permite muitos níveis de leitura e dá para ser digerido tão rápido quanto um saco de
pípoca ou pode render muitas refeições intelectuais.
Um bom exemplo é afirmação do Marcio. Discordo radicalmente de que o filme seja um produto da Era Bush. Acho que Matrix se perdeu - ou se traiu??? - e virou um produto 100% Bush mesmo, com a luta do bem contra o mal. Agora, Tolkien nunca foi isso e o filme não trai a filosofia dele. Sobrevivendo
aos bocejos, o filme deixa muito claro que o mal e o bem coexistem, dependem um do outro - o que Matrix bebe descaradamente no fim da trilogia... Outro ponto é mostrar a capacidade corrupção do ser humano. O anel é o poder e parece que ninguém resiste mesmo. Se não houver erro, é o que o filme mostrará com o pobre Frodo na parte final da trilogia. Dá até para fazer um paralelo com o PT no poder, para os empolgados...
A fantasia - como o riso - é somente um outra forma de ver o real. Na idade media - veja O Nome da Rosa que é fantasiosamente realistico! -, essa discussão já deu pano para manga. Para a igreja, o humor não seria nobre. Rir é vulgar. Indiretamente, vcs parecem dizer que sonhar é vulgar também. Seria o riso, a fantasia, as manafistações não realistas da pintura uma fuga do real? Ou uma forma de ver, como um LSD, o mundo de outra maneira? Prefiro ficar com essa.
Quem quiser ver o Magico de Oz somente como um filminho sobre um menina que se perde e não vê a hora de voltar para a sua casa, be my guest. Mas esse filme, como as narrativas épicas, fala de algo muito maior, fala da "lé e de volta outra vez", de Doroty e também de Ulissses... Opa, então a fantasia é um
retorno ao mito no estágio puro... Interessante.
Ai chegamos ao ponto final, quando o Marcio diz que prefere Guerra nas Estrelas ao Senhor dos Anéis... Marcio, Star Wars, Matrix e Harry Potter!!!! entre outros nada mais são que releituras de Tolkien que, por sua vez, releu todas as lendas da Europa.
Se vc. prefere ver a globalização e a decadência social com o Declínio do Império Americano e Invasões Barbaras, ok! Mas ela está também na destruição da terra media, na partida dos hobbits, na destruição da floresta velha pelos senhores da guerra... nesse caso, é somente o mito, em estado puro, não
reificado e sem câmeras tremidas...
Eu particularmente prefiro os dois, com uma quedinha para fantasia, não nego. Eu quis ser super homem...
Anderson
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