Zidane e a filosofia da rua
Dois textos publicados neste fim de semana conseguiram mostrar muito bem o que eu penso em relação ao caso Zidane, mas não conseguia explicar direito para as pessoas. Eu simplesmente simplificava tudo parafraseando Mano Brown “Você pode tirar o cara da favela, mas não tira a favela de dentro do cara.” Todo mundo sabe da infância de Zinedine Zidane nos subúrbios de Marselha, ok? Filho de imigrantes argelinos e muçulmano, imaginem a barra numa terra de conflitos étnicos e religiosos como foi visto ano passado na França, quando os filhos de imigrantes atearam fogo nos carros nos subúrbios de Paris. Zidane foi descoberto por um olheiro de um time pequeno quando jogava bola na rua. Se isso não tivesse acontecido, hoje ele poderia estar queimando carros.
O artigo de Marcos Caetano publicado no Estadão no sábado e republicado no No Mínimo hoje é o melhor, mas também concordo com alguns pontos da matéria de André Fontenelle publicado na Veja (pág. 80, sem link, descolem a revista), quando diz que ao se desculpar pela agressão mas não pedir perdão ao agredido zagueiro Materazzi, Zidane criou uma questão ética de difícil solução. Quem responde essa questão na matéria é Renato Janine Ribeiro, que diz que quem infringe regras precisa arcar com as conseqüências, como Zidane fez. Então, por esse ponto de vista é perfeitamente possível pedir desculpas por um ato de violência, mas não se arrepender dele.
Marcos Caetano não condena Zidane em momento algum e tem sacadas ótimas. “Conforme a prorrogação se aproximava, o mundo pressentia o desfecho épico para uma copa carente de brilho individual. Tal desfecho seria a consagração de Zidane... Mesmo se perdesse nos pênaltis, o craque francês já teria assegurado seu papel de grande herói. ...Só que Zidane não quis entrar para a história como personagem épico-, mas como personagem trágico.”
“Nos instantes em que ouviu Materazzi construir de forma ardilosa, palavra por palavra, sua provocação insidiosa... ....o homem Zidane, com um ombro estropiado, exaurido fisicamente após 109 minutos de partida, perdeu a batalha íntima para o menino Zizou. Nem mesmo numa final de Copa do Mundo Zizou permitiria que alguém xingasse seus familiares ou rebaixasse seu Deus.”
No final o artigo de Marcos Caetano dialoga com a matéria da Veja, quando fala “Só ficarei decepcionado se um dia ele se confessar arrependido pelo que fez. Que o craque da Copa jamais faça as pazes com o mundo, para poder continuar em paz consigo mesmo. Que Zidane e o menino Zizou permaneçam fiéis um ao outro.”
Nesta quinta-feira a Fifa fará uma acareação com os dois envolvidos no caso. Vou torcer para que o craque francês não se arrependa.
Dois textos publicados neste fim de semana conseguiram mostrar muito bem o que eu penso em relação ao caso Zidane, mas não conseguia explicar direito para as pessoas. Eu simplesmente simplificava tudo parafraseando Mano Brown “Você pode tirar o cara da favela, mas não tira a favela de dentro do cara.” Todo mundo sabe da infância de Zinedine Zidane nos subúrbios de Marselha, ok? Filho de imigrantes argelinos e muçulmano, imaginem a barra numa terra de conflitos étnicos e religiosos como foi visto ano passado na França, quando os filhos de imigrantes atearam fogo nos carros nos subúrbios de Paris. Zidane foi descoberto por um olheiro de um time pequeno quando jogava bola na rua. Se isso não tivesse acontecido, hoje ele poderia estar queimando carros.
O artigo de Marcos Caetano publicado no Estadão no sábado e republicado no No Mínimo hoje é o melhor, mas também concordo com alguns pontos da matéria de André Fontenelle publicado na Veja (pág. 80, sem link, descolem a revista), quando diz que ao se desculpar pela agressão mas não pedir perdão ao agredido zagueiro Materazzi, Zidane criou uma questão ética de difícil solução. Quem responde essa questão na matéria é Renato Janine Ribeiro, que diz que quem infringe regras precisa arcar com as conseqüências, como Zidane fez. Então, por esse ponto de vista é perfeitamente possível pedir desculpas por um ato de violência, mas não se arrepender dele.
Marcos Caetano não condena Zidane em momento algum e tem sacadas ótimas. “Conforme a prorrogação se aproximava, o mundo pressentia o desfecho épico para uma copa carente de brilho individual. Tal desfecho seria a consagração de Zidane... Mesmo se perdesse nos pênaltis, o craque francês já teria assegurado seu papel de grande herói. ...Só que Zidane não quis entrar para a história como personagem épico-, mas como personagem trágico.”
“Nos instantes em que ouviu Materazzi construir de forma ardilosa, palavra por palavra, sua provocação insidiosa... ....o homem Zidane, com um ombro estropiado, exaurido fisicamente após 109 minutos de partida, perdeu a batalha íntima para o menino Zizou. Nem mesmo numa final de Copa do Mundo Zizou permitiria que alguém xingasse seus familiares ou rebaixasse seu Deus.”
No final o artigo de Marcos Caetano dialoga com a matéria da Veja, quando fala “Só ficarei decepcionado se um dia ele se confessar arrependido pelo que fez. Que o craque da Copa jamais faça as pazes com o mundo, para poder continuar em paz consigo mesmo. Que Zidane e o menino Zizou permaneçam fiéis um ao outro.”
Nesta quinta-feira a Fifa fará uma acareação com os dois envolvidos no caso. Vou torcer para que o craque francês não se arrependa.
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