sexta-feira, julho 16, 2004

A gente acha cada coisa na Internet
 
Internet é mesmo uma coisa maluca. Vez ou outra, vivo fazendo buscas no google com o meu nome para recuperar alguma matéria (é mais fácil usar o google que o sistema do iG). Mas hoje me surpreendi. Já me acostumei em ver textos meus colados em outros sites, mas jamais imaginava que tinha na internet textos do meu jornalismo marrom denuncista, dos tempos de Dadica.
 
Mas está lá, numa página desatualizado do Capsi a cópia de um texto que fiz para um jornal mural que espalhei pela faculdade - numa versão um pouco mais trabalhada do que da dos cartazes que eu e o Márcio fazíamos no Mês do Cachorro Louco.
 
Se fosse investigada, a denúncia era para virar caso de impeachment, mas eu também estava no final do curso e de saco cheio daquele povo todo.
 
Mas o mais assustador foi me dar conta que dois participantes do Skol Rock foram amaldiçoados após passar por Bauru. Naquela mesma noite de shows tocaram o Paralamas, de Herbert Vianna, e o Rappa, do então baterista Iuka. E saber que as póstratas envelhecidas e as menopausas esclerosadas continuam vagando sem cadeiras de rodas por Bauru. Saravá!! A gente tenta esquecer o passado, mas o google não deixa.
 
Cerveja enche a barriga? 
 
Quanto custa um espaço para um show de rock? Depende, do local e das circunstâncias. Se for, por exemplo, no Kart Indoor ou no Cowntry Club, não sai por menos de cinco mil reais. Tá  certo que são locais cobertos que protegem da chuva. Mas o que pode ser uma simples chuva perto de um local, digamos assim, de fácil acesso (quando a intenção não é achar  a entrada do campus) e cedido a preço de cerveja.    
 
Os produtores alegam que só fizeram o show na Unesp a pedido da direção e, por isso, o show não teve tanta bilheteria. Mas diga lá, nestas três edições do evento em Bauru, houve alguma vez um público muito maior? Seria muito, ainda, dizer  que o festival só ocorre na cidade sanduíche pela proximidade da fábrica de Agudos? Agudez é o que não falta nas jogadas dessas empresas que nunca brincam em serviço. Além do mais, esse tipo de evento pode até dar prejuízo, pois o que importa é a divulgação e a publicidade da cervejaria. Só mesmo a chuva é capaz de atrapalhar um pouco a orgia. E como sempre, o maior prejudicado é sempre o público, o pagante que não tem camarote.   
 
Voltando a falar sobre os outros atos humanos, mas nem por isso menos libidinosos, o que a Unesp ganhou ao ceder quase que gratuitamente o espaço em frente ao Guilhermão para um show de rock? Seria uma superstição para favorecer o Mercado de Peixe (alguém já foi a alguma festa da Unesp em que eles não tocaram?)?    
 
A pergunta, talvez, deva ser outra para se evitar uma acusação sobre teoria conspiratória desse texto: o que deixamos de ganhar ao ceder  gentilmente o espaço público para a venda de ingressos para um festival de rock de uma cervejaria? Números não são difíceis de serem quantificados, mas não é esse o X da questão. O fato é que o público pagou para entrar num espaço público. E o pior de tudo, a Unesp não teve direito sequer a uma  porcentagem da bilheteria, já que por lei é proibido alugar terrenos do Estado.    
 
O acordo entre universidade e cervejaria foi político e o que se discute é justamente o ganho político dessa negociata. O revelado oficialmente pela direção foi que a Unesp não ganhou nada (eles mesmos admitem!). Permitiu-se que o show fosse realizado no campus como uma atividade cultural para a comunidade, recebendo em troca a divulgação do nome da Unesp e a permissão para que a universidade incluisse o show junto ao calendário de comemorações dos 10 anos da Unesp/Bauru. Detalhe: a cervejaria conseguiu convencer a direção que divulgar o local do show é o mesmo que divulgar o nome da Unesp e o seu decênio. Que “(in)descência”!    
 
Mas não foi somente a grande divulgação do seu nome que a Unesp ganhou dos cervejeiros. Graças ao profissionalismo da empresa cada professor e funcionário ganharam um convite personalizado para o almoço de confraternização. Além de um adesivo para que todos estampem em seus carros o sucesso de 10 anos de um “ensino público, gratutito e de qualidade”. Definitivamente, essa empresa faz descer redondo.    
 
A Unesp ganhou ainda  30 caixas de cerveja para a  bebedeira dos decanos de Bauru.  Na terra de Pindorama, cerveja basta para encher a barriga. E você, tomô (sic)?      
 
http://members.fortunecity.com/capsi/jornala.htm#critica

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