sexta-feira, junho 18, 2004

Suprema heresia

Fui apresentada a Chico Science & Nação Zumbi nos idos do fantástico ano de 1994. Achei meio estranho, mas curti. E passei a curtir cada vez, a ponto de hoje ouvir a obra-prima "Da Lama ao Caos", ao menos uma vez por semana. Depois que conheci Recife tudo fez ainda mais sentido e, pra mim, o Manifesto Caranguejos com Cérebro é mais sensacional do que o Manifesto Antropofágico.

Fiquei muito passada quando Chico Science se arrebentou naquela curva de Recife a Olinda, no auge do sucesso (quem conhece a tal curva sabe que qualquer um se mata dirigindo rápido demais ali, ainda mais numa terça de Carnaval em Pernambuco). A morte dele e depois a de Cássia Eller, e outras que não recordo agora, reforçam a minha teoria de que, no mundo musical, "os bons morrem jovens", mesmo, enquanto os pagodeiros de meia tigela e sertanejos estão todos aí, firmes como rochas.

Mas fiquei infinitamente mais passada quando, na academia hoje de manhã, comecei a ouvir os berros daquele gordo do Charlie Brow Jr e comecei a reconhecer a letra... parei o movimento do exercício que fazia e fiquei estática. Sai correndo e fui perguntar ao Anderson "Eu tô louca, não tô ouvindo isso!!!". Infelizmente eu estava. Esses nojentos, que conseguem cantar "Eu não sei fazer poesia, mas que se foda", tiveram a cachorra, cometeram a heresia de regravar "Samba Makossa", uma de minhas músicas preferidas de Chico Science & Nação Zumbi. É ridículo, os caras são metidos a metaleiros e cantam uma música como essa!!! A música tem ritmo de samba, de maracatu, de tudo, menos de rock. E ainda mais rock ruim como o deles.

Ninguém merece, esse país não tem respeito pelos mortos mesmo.

Pra que não se lembra, a letra é essa:


"Samba maiorial!
Onde é que vc se meteu antes de chegar na roda, meu irmão?
A responsabilidade de tocas o seu pandeiro
É a responsabilidade de vc manter-se inteiro
Por isso chegou a hora dessa roda começar
Samba makossa da pesada, vamos todos celebrar
Cerebral, é assim que tem que ser
Maiorial, é assim que é, bom da cabeça e um foguete no pé
Samba Makossa, sem hora marcada, é da pesada
Samba, samba, samba, samba, samba, samba, samba"

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