NA ERA DA REPRODUTIBILIDADE TÉCNICA
(Óh o ranso acadêmico gente !!!!)
Na última semana, Picasso foi muito elogiado neste blog. Esta exposição em São Paulo é quase uma piada pronta por causa de seu título "Picasso na Oca", mas:
Creio que Picasso tenha sim dois momento fundamentais na história da arte contemporânea. Um ligado á questão propriamente estética e outro a um lado mais social.
O primeiro diz respeito à tela "Senhoritas de Avignon", que inaugura o cubismo, em 1907. O pintor espanhol seguiu um caminho artístico iniciado por Monet, no final do século XIX, com a tela "Impresão Sol Nascente" até chegar a uma síntese geométrica das figuras que via em "As Senhoritas". Esta revolução nas formas só foi possível porque a fotografia, inventada por Nièpce e Talbot liberou a os artistas para a experimentação, pois se viram desobrigados a partir da imagem técnica de retratarem a cenas cotidianas de nobres e burgueses.
O segundo grande momento de Picasso está na tela "Guernica", de 1937, sobre o terror da Guerra Civil Espanhola. Aí, com a estética cubista, promovida por ele e Braque, já consolidada, o autor fez um dos retratos mais contundentes e sensíveis da história espanhola. A tela que esteve no Brasil em 1953, para a segunda Bienal de São Paulo, significa para mim na pintura o mesmo que "Dom Quixote" na literatura. É universal, atemporal e criação fundamental para que se entenda o homem contemporâneo.
Creio que no mesmo período na Europa, os objetos de Duchamp são bem mais importantes até mesmo para a compreensão do que significa a arte.
Enquanto Walter Benjamin vaticinava o fim da arte devido as reproduções técnicas, Duchamp reposicionava a questão mostrando que qualquer objeto pode ser artístico se assim for colocado pelo artista. A atitude aparentemente simples de transformar um mictório e um aro de bicicleta em arte rompeu com o conceito de aura artística tão defendido pelo frankfurtiano e abriu caminho para que outras manifestações pudessem surgir.
Caiu a importância do gesto - ligado ao pintar , esculpir, escrever... - entrou o "olhar" , com tudo que significa de espiritual e subjetivo no fazer artístico. Na prática, a reprodução técnica deixou de ser um perigo e passou a ser uma aliada nas novas manifestações simbólicas que marcariam todo o século, como o cinema, a fotografia, e os próprios objetos artísticos. Se hoje questionamos o suporte de uma obra ou a "desmaterialização" da mesma foi graças a Duchamp e não a Picasso.
O espanhol foi para mim, assim como outro conterrâneo dele - leia Salvador Dalí, um execelente marketeiro pessoal. "Alardeou" nos meios intelectuais e para os críticos franceses - onde vivia, em 1907 - que revolucionou a arte e todos - que eram seu amigos de mesa e bordel - acreditaram e reproduziram...
(Óh o ranso acadêmico gente !!!!)
Na última semana, Picasso foi muito elogiado neste blog. Esta exposição em São Paulo é quase uma piada pronta por causa de seu título "Picasso na Oca", mas:
Creio que Picasso tenha sim dois momento fundamentais na história da arte contemporânea. Um ligado á questão propriamente estética e outro a um lado mais social.
O primeiro diz respeito à tela "Senhoritas de Avignon", que inaugura o cubismo, em 1907. O pintor espanhol seguiu um caminho artístico iniciado por Monet, no final do século XIX, com a tela "Impresão Sol Nascente" até chegar a uma síntese geométrica das figuras que via em "As Senhoritas". Esta revolução nas formas só foi possível porque a fotografia, inventada por Nièpce e Talbot liberou a os artistas para a experimentação, pois se viram desobrigados a partir da imagem técnica de retratarem a cenas cotidianas de nobres e burgueses.
O segundo grande momento de Picasso está na tela "Guernica", de 1937, sobre o terror da Guerra Civil Espanhola. Aí, com a estética cubista, promovida por ele e Braque, já consolidada, o autor fez um dos retratos mais contundentes e sensíveis da história espanhola. A tela que esteve no Brasil em 1953, para a segunda Bienal de São Paulo, significa para mim na pintura o mesmo que "Dom Quixote" na literatura. É universal, atemporal e criação fundamental para que se entenda o homem contemporâneo.
Creio que no mesmo período na Europa, os objetos de Duchamp são bem mais importantes até mesmo para a compreensão do que significa a arte.
Enquanto Walter Benjamin vaticinava o fim da arte devido as reproduções técnicas, Duchamp reposicionava a questão mostrando que qualquer objeto pode ser artístico se assim for colocado pelo artista. A atitude aparentemente simples de transformar um mictório e um aro de bicicleta em arte rompeu com o conceito de aura artística tão defendido pelo frankfurtiano e abriu caminho para que outras manifestações pudessem surgir.
Caiu a importância do gesto - ligado ao pintar , esculpir, escrever... - entrou o "olhar" , com tudo que significa de espiritual e subjetivo no fazer artístico. Na prática, a reprodução técnica deixou de ser um perigo e passou a ser uma aliada nas novas manifestações simbólicas que marcariam todo o século, como o cinema, a fotografia, e os próprios objetos artísticos. Se hoje questionamos o suporte de uma obra ou a "desmaterialização" da mesma foi graças a Duchamp e não a Picasso.
O espanhol foi para mim, assim como outro conterrâneo dele - leia Salvador Dalí, um execelente marketeiro pessoal. "Alardeou" nos meios intelectuais e para os críticos franceses - onde vivia, em 1907 - que revolucionou a arte e todos - que eram seu amigos de mesa e bordel - acreditaram e reproduziram...
0 Comentários:
Postar um comentário
Assinar Postar comentários [Atom]
<< Página inicial